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sexta-feira, 7 de setembro de 2012

o sentido do hino chamado “Glória”


Fonte: BIO / nº196 - Setembro 2012

Nos domingos e outras solenidades, bem como em
dias festivos, cantamos no iní-
cio da missa um antiqüíssimo
e venerável hino chamado
“Glória”. Seu conteúdo e verdadeiro sentido não tem sido bem
compreendido entre nós.
O músico e liturgista Frei Joaquim Fonseca, no seu livrinho
“Cantando a missa e o ofício
divino” (Paulus 2004) nos traz
uma explicação que, a meu ver,
é das melhores. Faço questão
de transcrevê-la e divulgá-la
em nosso “mutirão” de forma-
ção litúrgica. Olhem o que ele
escreve:
“O ‘Glória’ é um hino que
remonta aos primeiros séculos
da era cristã. Na Instrução Geral
do Missal Romano, lemos que
o ‘Glória’ é um ‘hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a
Igreja congregada no Espírito
Santo glorifica e suplica a Deus
Pai e ao Cordeiro... (n. 53).
Esta definição nos deixa claro
que o ‘Glória’ é um hino doxológico (de louvor/glorificação)
que canta a glória e Deus e do
Filho.
Porém, o Filho se mantém no
centro do louvor, da aclamação
e da súplica. Movida pela ação
do Espírito Santo, a assembleia
entoa esse hino, que tem sua
origem naquele canto dos anjos
que ressoou pela primeira vez
nos ouvidos dos pastores de
Belém, na noite do nascimento
de Jesus (cf. Lc 2,4).
Na sua origem, o ‘Glória’
era entoado durante o ofício da
manhã. Só bem mais tarde –
por volta do século IV – é que
aparece prescrito na liturgia
eucarística do Natal podendo
ser entoado apenas pelo bispo.
Esse costume se prolongou por
muito tempo.
Porém, no final do século XI
já há notícias do uso do ‘Glória’
em todas as festas e domingos, exceto na Quaresma. Então os presbíteros já podiam
entoá-lo.
 O ‘Glória’ pode ser dividido
em três partes:
a) O canto dos anjos na noite
do nascimento de Cristo: ‘Gló-
ria a Deus nas alturas e paz
na terra aos homens por ele
amados’;
b) Os louvores a Deus Pai:
‘Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso: nós
vos louvamos, nós vos bendizemos, nós vos adoramos, nós vos
glorificamos, nós vos damos
graças pro vossa imensa glória’;
c) Os louvores seguidos de
súplicas e aclamações a Cristo:
‘Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito, Senhor Deus, Cordeiro
de Deus, Filho de Deus Pai. Vós
que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós. Vós que
tirais o pecado do mundo, acolhei a nossa súplica. Vós que
estais à direita do Pai, tende
piedade de nós. Só vós sois o
Santo, só vós o Senhor, só vós
o Altíssimo Jesus Cristo’.
O ‘Glória’ termina com um
final majestoso, incluindo o
Espírito Santo.
É importante lembrar que
esta inclusão não constitui, em
primeira instância, um louvor
explícito à terceira pessoa da
Santíssima Trindade. O Espí-
rito Santo aparece relacionado
com o Filho, pois é neste que
se concentram os louvores e as
súplicas. Em outras palavras: o
Cristo se mantém no centro de
todo o hino. Ele é o Kyrios, o
Senhor que desde todos os tempos habita no seio da Trindade.
Estas dicas certamente nos
ajudarão a discernir na escolha
do ‘hino de louvor’ mais adequado para as celebrações eucarísticas. Sabemos que em muitas de
nossas igrejas há o costume de
executar, no lugar do verdadeiro
‘Glória’ pequenas aclamações
trinitárias, ou seja, simples aclamações dirigidas ao Pai, ao Filho
e ao Espírito Santo. Pudemos
ver que o ‘Glória’ é bem mais
do que isso: nele está contido o
louvor, a aclamação e a súplica.
E mais: a pessoa de Jesus Cristo
aparece no centro desta grande
doxologia” (p. 19-29). Obrigado
ao Frei Joaquim Fonseca por
este esclarecimento que, com
certeza, vai contribuir para o
aperfeiçoamento e a autenticidade das celebrações litúrgicas
em nossas comunidades.
Fonte: Frei José Ariovaldo
da Silva, ofm

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